Olá gente! Como muitos de vocês devem ter notado, nos últimos dias o caso envolvendo a streamer de jogos Gabi Cattuzzo e a a marca de acessórios para games Razer tem sido assunto constante nas redes sociais. Como o caso está a ser tão polémico e trouxe à discussão temas tão importantes como a igualdade de género, inclusivamente no sector dos jogos, resolvi deixar aqui a minha opinião sobre ele. Mas antes vou relatar o que aconteceu, apenas os fatos, porque acho que é por desconhecimento dos mesmos que tantas pessoas, inclusivamente pessoas que conheço daqui da turma, têm feito circular tanta interpretação errada e absurda sobre este caso.
O que realmente aconteceu?
Na passada sexta-feira, dia 21 de junho, Gabi Cattuzzo, uma streamer de jogos e influencer da marca Razer, publicou, no Twitter, uma foto sua montada num touro mecânico que recebeu um comentário inapropriado, por parte de um seguidor, ao qual Gabi respondeu também de forma inapropriada. Seguidamente, quando criticada por um outro seguidor pela generalização que fez, de que "homem é lixo", Gabi respondeu-lhe de forma ofensiva.
O tweet de Gabi espalhou-se rapidamente pelas redes sociais, assim como vídeos e outros tweets nos quais a streamer ofende, de forma gratuita, outras pessoas.
Tudo isto chegou ao conhecimento da Razer, com a qual a influencer tem um contrato de divulgação dos produtos da marca, que segunda-feira, dia 24, fez um comunicado onde deixou claro que a opinião da Gabi não representa a opinião da empresa e que o contrato dela, que está quase a terminar, não será renovado.
A minha opinião sobre a atitude da Razer
Como, infelizmente e erradamente, tantas vezes acontece um seguidor, homem, fez um comentário ofensivo, de cariz sexual, à stremear que se irritou e respondeu, impulsivamente, de forma exagerada. Até aqui nada demais, mas quando Gabi respondeu à questão da generalização de forma agressiva e completamente inadequada, principalmente para quem se diz embaixadora de uma marca, a streamer não deixou outra alternativa à empresa senão a de se desvincular dela.
Como é possível num caso tão claro como este "passar pano" no que está errado e condenar quem fez a única coisa que podia e devia fazer? Todos sabemos que os influencers são associados às marcas por isso é muito importante para a marca a imagem, a atitude, o caráter e o profissionalismo do influencer. Qual a marca não se desvincularia e renovaria um contrato com alguém que falou da forma que ela fez da grande maioria dos seus consumidores?
Não entendo como alguém pode ver aqui qualquer atitude, por parte da marca, contra as mulheres em vez de ver o que realmente aconteceu, uma marca a desvincular-se de alguém que se referiu de maneira muito negativa e por mais de vez aos seus consumidores. Mas estranhamente, como podem ver no tweet abaixo, muita gente vê, ou pelo menos, faz que vê.
A minha opinião sobre a utilização leviana de valores do "feminismo" para argumentar neste caso
Enquanto defensora da igualdade entre géneros e apoiante das lutas feministas, que considero tão dignas para combater tantas situações erradas ainda tão presentes no nosso dia-a-dia, como atitudes machistas, desigualdades salariais e violência de género, choca-me ver pessoas que se dizem feministas utilizarem-se do feminismo de uma maneira tão leviana e fútil, em alguns casos, apenas para defender uma amiga ou para lucrar seguidores e/ou atenção. Este tipo de atitude apenas enfraquece e dá má imagem a um movimento tão necessário e digno devendo por isso ser criticado.
Deixo abaixo um exemplo de uma internauta que até aproveitou a situação para divulgar o seu produtos enquanto criticava a Razer. Parece-lhes que a preocupação dela é com a igualdade de género ou algo semelhante?
Não posso também deixar de referir que um dos maiores youtubers brasileiros, Felipe Neto, conseguiu, para além de colar este caso aos valores do "feminismo", politizar a situação. Interrogo-me sobre o que levará uma pessoa como o Felipe Neto, que já atingiu tanta coisa na vida, a ter este tipo de atitude. Será que é mesmo, como ele próprio refere, o seu senso de justiça ou por trás disso não estará uma sede desenfreada pela fama/reconhecimento que o impele a querer lucrar por dois lados?
Qualquer que seja o motivo de Felipe Neto só posso lamentar o mau serviço que prestou ao feminismo ao colá-lo à política. Feminismo, não deve nunca ser visto como uma coisa de esquerda ou de direita mas sim como um combate de TODOS pela igualdade entre homens e mulheres, independentemente da sua orientação política. Fragmentar lutas sociais importantes, sejam elas contra o machismo, a xenofobia, a homofobia ou outras, não lhes trás nada de bom, só as enfraquece. Por isso, quando vejo alguém a politizar estas lutas ou torná-las bandeira de um só grupo social, interrogo-me sempre acerca da real intenção de quem o faz, que seguramente não é fortalecer a causa nem a procura de uma sociedade mais justa, sem discriminações, mas sim servir-se dela para proveito próprio.
Não queria terminar a postagem sem referir que em nenhum momento coloquei em causa o fato de existir machismo e assédio no mundo dos gamers, porque ele realmente existe e considero importante que se levante o debate acerca deste tema. No entanto, reforço aqui a minha opinião de que, neste caso, a Razer não está a tomar qualquer posição machista nem a agir contra as mulheres mas sim a desvincular-se de uma influencer que, em diversas ocasiões, ofendeu seguidores de forma muito agressiva chegando a fazê-lo sem qualquer motivo.
Até mais!
Joaninha